domingo, 14 de setembro de 2025

O Tratado da paixão das pombas, de Theodor Wilhelm

Theodor Wilhelm escreveu o Tratado da paixão das pombas, Die Leidenschaft der Tauben, em 1836, na histórica cidade de Birching, no coração da Baviera. Em Doktor Grabman Platz, onde morava com a mulher, Maria Wilhelm, e os dois filhos, Bernhard Wilhelm e Dieter Wilhelm, gémeos, Theodor Wilhelm anotou durante dez anos a precisão do voo das pombas e a forma incisiva como esgaravatam a terra para apanhar minhocas e outros animaizinhos. Defendia Theodor Wilhelm que as pombas não se compadeciam dos queixumes da alma e, por essa razão, todas as suas paixões se orientariam pelos movimentos do corpo. Se quiseres perceber a paixão de uma pomba, segue-lhe o movimento, escreveu Theodor Wilhelm. O seu tratado foi aniquilado pela Academia Bávara das Ciências, que lhe apontava o carácter não científico das conclusões e a impossibilidade teológica que presidia à génese do tratado (acta de reunião número 230 de 18 de Abril de 1836, da Academia Bávara das Ciências). Na sequência deste fracasso, Theodor Wilhelm suicidou-se por enforcamento. Em 2008, Angela Werner, destacada cientista da Universidade de Colónia, descendente de Theodor Wilhelm, mapeou o cérebro das pombas, tentando perceber as razões do seu apurado sentido de orientação. No núcleo caudado direito e no tegmento ventral direito encontrou inesperadas doses de dopamina, substância ligada ao prazer e à sensação de felicidade e, em última análise, a grande responsável pelas paixões. Angela Werner provou a íntima relação entre a produção de dopamina e o sentido de orientação das pombas, produzindo um dos mais interessantes estudos do ano. O artigo pode ser lido em http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/a_werner.html. Angela Werner nunca teve qualquer contacto com o trabalho de Theodor Wilhelm.

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